23/12/2010

Reflexões de ano novo

Chega o final de ano sempre aparecem posts melancólicotimistas nesse blog. Bem do tipo sofri-pra-cacete-mas-ano-que-vem-vai-ser-melhor. Tudo resultado das semanas e mais semanas pensando na vida. Geralmente essa fase reflexiva começa próximo ao meu aniversário. Essa é uma data que nunca gostei muito, mas de um tempo pra cá meus aniversários têm sido bem desagradáveis. Aí junta férias entendiantes, natal e uma passagem de ano quase sempre bem frustrante. Tudo isso me leva ao fundo do poço e, em seguida, me dá gás pra começar o próximo ano totalmente novo, revolucionar.
Em 2010 foi diferente. Tudo foi diferente. A começar pelo início, num reveillon meio sem pé nem cabeça, seguido do fim de um relacionamento que, embora me fizesse muito mal, foi muito difícil de abrir mão. Entrei na academia, arrumei um emprego, saí da academia. Fiquei doente, fiz cirurgia, fiquei deprimida (daquele jeito meu que só eu conheço). Comecei a namorar, apaixonei, desapaixonei, fiquei solteira. Comecei estágio, fiz monografia E aí veio o dia que me tirou da inércia.
Meu aniversário, no fim de novembro, é sempre uma data coberta de expectativa. O dia seguinte é sempre cheio de frustração. Nesse ano, pela primeira vez, a data não foi cercada de expectativas. Resolvi me livrar, ou pelo menos tentar, das coisas que fazem mal. Meus pais já haviam dito que não me dariam presentes e, como eu havia trabalhado a maior parte do ano, não fez muita diferença. Concentrei minhas atenções no fim do curso de graduação e, consequentemente, na formatura. Quis diminuir a importância do aniversário e planejei uma comemoração só para os meus pais, irmãos e mais 2 ou 3 amigos. Caiu uma tempestade daquelas, o que também já é esperado para o meu aniversário - desde que eu me lembro é assim. A luz do buteco acabou. A luz do bairro acabou. Metade de Belo Horizonte inundou. As pessoas que não vinham antes, também não vieram agora, mas pouco a pouco, minha família, que diga-se de passagem é muito foda, e meus amigos foram aparecendo na porta do bar, juntando-se a mim na comemoração. O que me deixou ainda mais surpresa e alegre foram os telefonemas: amigos preocupados em justificar a ausência e desejar-me um feliz aniversário. E os presentes? Parece que foi a primeira vez que ganhei e pareceram tantos! A propósito, hoje, passado quase um mês do meu aniversário, ganhei mais um.
Depois da bagunça que foi esse ano, tudo o que eu precisava era me sentir querida. Veio a minha formatura. Fiquei doente sem saber do meu futuro, preocupada em arrumar um emprego. Fiquei ainda mais doente. Fui ao médico, voltei ao psicanalista. Guardei a preocupação na última gaveta do armário. Aí começou: festa, comemoração, compra roupa, festa, compra bijouteria, compra maquiagem, festa, aperta roupa,vai no salão, atravessa a cidade pra arrumar o cabelo, festa, aperta roupa denovo, mais festa. Ufa! Foi a melhor correria da minha vida. Quando eu achava que estava tudo perfeito veio o melhor presente do ano: Uma viagem para Fortaleza que será feita logo nos primeiros dias de 2011.
Então veio o natal e quando eu deveria filosofar sobre o que deu errado e o que deu certo, eu não tenho nada do que me arrepender. Acho que o que me deixa assim satisfeita foi o simples fato do ano não ter passado em branco, de eu ter passado o ano mais fazendo do que planejando. Foi um ano de realizações, de acontecimentos e fico muito feliz por ter tido a oportunidade de ter vivido e crescido tanto.
Por fim, a reflexão de fim de ano é um agradecimento a Deus pela vida e pelas pessoas especiais que estiveram no meu caminho, é um brinde pela alegria que vem me bater à porta todos os dias e um pedido para que o ano que vem seja tão agitado quanto esse, bem do jeito que eu gosto.

27/11/2010

Contradição

Não ouso dizer que te amo mais, mas tenho feito um esforço diário para te esquecer.
Não te acho uma pessoa tão legal, muito menos especial. Não tenho muitos momentos felizes com você para lembrar, mas por alguma razão não consigo deixar de pensar em você algumas vezes por dia. No entanto, não tenho vontade de te ter de volta. Ainda assim me pego fazendo planos que nunca irão se realizar.

Não quero você comigo em datas especiais, mesmo porque as datas não foram especiais com você por aqui. Sinto falta das coisas do dia-a-dia, dos momentos em que eu me esquecia que era infeliz ao seu lado. Sinto falta da conversa, mas, sinceramente, tenho preguiça de falar com você. Acho você pobre de espírito. Acho muita pretensão minha. Às vezes tenho vontade de lhe procurar, mas não tenho nada a lhe dizer. Queria que você estivesse comigo durante a grande transformação pela qual passei, mas só passei porque você não estava aqui.

Inventei um monte de mentiras que não tinham necessidade nenhuma, que não faziam a mínima diferença e que no fundo não eram mentiras. E sempre vem um dizer que te viu com outro alguém. Os amigos dizem que sou mais bonita, os inimigos que igual ela não tem. E, sinceramente, já não faz diferença pra mim. Lembrar de você já não me deixa triste, tampouco me deixa feliz. Sua lembranças não interferem na boa fase que passo. E isso não faz sentido nenhum. Você me deixa confusa, com raiva e triste. Tudo o que digo a seu respeito é contraditório.

Não sei dizer se você foi o meu primeiro amor ou meu primeiro desamor, mas nessa minha nova vida não há espaço pra você e suas lembranças. Só não sei mais o que fazer para me livrar de vocês. Já tomei porres, já tive outros amores. Não ouso dizer que te amo, nem que te odeio. Esse impasse grudou um mim feito chiclete e agora escrevo na esperança de tirar esse nó da garganta.

12/11/2010

Pensei em escrever sobre como temos falado tanto sem dizer nada. Comecei a escrever, mas esse post só serveria pra comprovar isso.

31/10/2010


Hoje os ventos do destino começaram a soprar. Nosso tempo de menino foi ficando para trás. Com a força de um moinho que trabalha devagar, vai buscar o teu caminho, nunca olha para trás...

Hoje o tempo voa nas asas de um avião, sobrevoa os campos da destruição. É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo depois de nós.


Hoje o céu está pesado, vem chegando temporal. Nuvens negras do passado, Delirante flor do mal. Cometemos o pecado de não saber perdoar, sempre olhando para o mesmo lado, feito estátuas de sal.

Hoje o tempo escorre dos dedos da nossa mão. Ele não devolve o tempo perdido em vão. É um mensageiro das almas dos que virão ao mundo depois de nós.

(Engenheiros do Hawaii - Depois de Nós)

29/09/2010

- Ei, quantas vezes eu vou ter que quebrar a cara até conseguir ser feliz?



- Você é sempre feliz. Até quebrar a cara.



19/09/2010

De repente


Alguma coisa mudou. Não sei bem dizer o que é, mas sei que mudou. Meus defeitos e agonias parecem iguais ou talvez até maiores que antes, mas parecem me incomodar pouco. Algo mudou desde o dia que nossos olhos se cruzaram. Antes que eu mesma percebesse, todos já haviam visto que algo estava diferente. Nunca havia acontecido tão minuciosamente não-calculado e detalhadamente encaixado. Mas aconteceu, e isso fez toda a diferença.

A vontade de vê-lo era constante, mas dessa vez não havia desespero. O carinho que eu nutria foi crescendo desapercebidamente numa velocidade espantosa. Foi crescendo a admiração, o respeito e a vontade de fazer a ele o bem que ele fazia a mim.

Foi quando eu percebi: Não era mais preciso procurar. Pela primeira vez na minha vida um único homem me completava e me acrescentava suficientemente para eu não precisar nem mesmo de mim.
Aí então os versos de Camões, que só agora eu entendera de verdade, pareciam saltar-me os lábios:

Transforma-se o amador na coisa amada,
por virtude do muito imaginar.
Não tenho, logo, mais que desejar,
pois tenho em mim a parte desejada.
Está tudo diferentemente belo.

07/09/2010

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ARREPIO
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28/08/2010

Sobre o tempo

Várias vezes já escrevi nesse blog sobre a espera. Sobre como é necessária ou sobre como é difícil. A verdade é que nunca passaram de palavras em uma página da internet vista por, com todo respeito, quase ninguém. Até então eu nunca tinha experimentado esperar.
Era pedir demais que uma recém-saída-da-adolescência impulsiva como eu tivesse vontade de esperar por algo. Mas não esqueça que eu, além de impulsiva, também sou teimosa. Resolvi, só pra sair da rotina, esperar. E digo a vocês: foi melhor do que eu esperava.
Não que não tivesse sido fácil. Pelo contrário. O tempo nunca colabora com quem espera. Mas sempre existe algo que te espera também e desistir desse algo por pura impaciência é, no mínimo, uma puta sacanagem.
O que aprendi é que a gente nunca perde por esperar e que, pra minha surpresa, a vida não para enquanto a gente tem esperança.

20/08/2010

Escolhas

Já haviam me dito que tudo é questão de escolha. Eu não discordava, mas dizer isso era simplificar demais as coisas. Há quem diga também que a vida deve ser simples. Com isso, sim, eu discordo. Se não existirem vidas depois desta, o que me consolará de ter vivido poucas coisas, de ter evitado o conflito, de ter deixado pra lá? E se existe outra vida, então dane-se! Depois a gente vê como fica.

Pensando assim fica ainda mais difícil escolher. Não que não seja muito tentador se jogar de cabeça em toda oportunidade que aparece, mas às vezes as opções parecem pouco agradáveis.

Tem dia que me encontro entre a cruz e a espada, tendo que escolher entre uma solidão que parece infinita e já começa a me maltradar e uma companhia que, eu sei, nem sequer merece a minha atenção. Às vezes tenho que fazer uma escolha pensando no futuro, mas o presente parece tão incrivelmente insosso que a vontade que dá é de jogar tudo pro alto e chamar o primeiro louco que encontrar na rua pra tomar uma cachaça no buteco mais copo sujo da cidade.

Nesses momentos eu costumo escolher o que me parece pior, só por saber que pelo menos assim algo vai mudar. E depois, pior não pode ficar. Tem dado certo.

Entretanto, sei que um dia vou me cansar desse jeito de levar a vida, que tudo vai virar rotina e terei que escolher outro caminho para seguir, mudar radicalmente. Minha próxima escolha mudará a pessoa que eu sou, assim como as escolhas anteriores fizeram. Na verdade, não vou ter escolha, vou ter que continuar a andar por caminhos desconhecidos.

Não acho que isso tudo seja uma questão de escolha.

14/08/2010

Benditas


Benditas coisas que eu não sei,
Os lugares onde não fui,
Os gostos que não provei,
Meus verdes ainda não maduros,
Os espaços que ainda procuro,
Os amores que eu nunca encontrei;
Benditas coisas que não sejam benditas.
(Mart'nália e Zélia Duncan)

05/08/2010

Uma Aprendizagem ou O livro dos prazeres

"...uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de.
Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer.
Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente.
Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida.
Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi.
E desde logo desejando você, esse teu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero.
Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso."

02/08/2010

Aparecido




Nos livros que li, todo amor surgira de uma compaixão por alguém de olhar tristonho e distante. Era sempre a faltade palavras que fazia despertar o interesse e depois a paixão. Nela o que me atriu foi justamente o sorriso que lhe escapava do canto da boca. O olhar era também distraído, mas brilhava de um jeito que eu nem sequer ouso tentar descrever. Parecia que recitava pra mim poemas intermináveis sem precisar abrir a boca. Tinha algo naquele rosto tranquilo que me fazia feliz. E foi assim que o amor se mostrou pra mim.

30/07/2010

A festa da foto

Tenho algumas lembranças muito nítidas da minha infância e da adolescência. O tempo que a gente passava na rua, as horas que eu e meus amigos passávamos à toa, conversando e vendo a vida. São lembranças muito agradáveis e elas estão cada vez mais raras.

Acho que isso se deve em parte ao surgimento da câmera digital. Bem, a culpa não é propriamente dela, mas da obsessão que adquirimos por tirar fotos. Me incluo no grupo dos que perdem boa parte dos encontros e festas tirando fotos.

Tirar fotos tornou-se um tipo de evento obrigatório em qualquer ocasião. Teremos muitas fotos para nos lembrar de quando... tirávamos fotos!

Com a criação do twitter a coisa tem ficado ainda pior. A pessoa não só perde minutos preciosos tirando fotos como perde mais alguns postando as benditas fotos na internet só para dizer ao mundo "Olha como estou me divertindo".

Ainda tento entender o quão divertido pode ser tirar fotografias ensaiadas de si mesmo. Ou quantas coisas engraçadas existem dentro de um banheiro. Dezenas de fotos e a pessoa com a mesma cara em todas. É a garantia de que a foto sairá boa o bastante para ser publicada.
Para os intensos como eu, ainda perde-se a oportunidade de se contar casos fantásticos e obviamente exagerados. Sempre existirá uma foto para provar o contrário.
Bem, quero deixar claro que não sou contra as fotografias. Muito pelo contrário. Admiro muitíssimo uma bela foto. Mas sou ainda mais fã da espontaniedade, da diversão e de vivenciar histórias que fiquem para a posteridade.

25/07/2010

Detalhes


Eu sei que esses detalhes vão sumir na longa estrada do tempo que transforma todo amor em quase nada, mas "quase" também é mais um detalhe. Um grande amor não vai morrer assim, por isso de vez em quando você vai lembrar de mim.
Não adianta nem tentar me esquecer...
Roberto Carlos

21/07/2010

Rush

19:00h. Normalmente ele esperaria mais um hora para sair. Nesse dia ele resolvera enfrentar o caos do trânsito no horário de pico da metrópole. Ele ligaria o som em uma rádio que tocasse uma música animada e ficaria olhando as pessoas com os nervos à flor da pele enlouquecerem nos carros ao lado. Ele precisava arrumar algo para ocupar a mente. Não que estivesse atolado em problemas ou que algo estivesse tirando suas noites de sono. Era justamente o contrário. Estava tudo muito tranquilo. A vida estava muito boa. O coração já estava quase em paz, havia sido promovido no trabalho e em casa o clima não poderia ser melhor. Como isso o incomodava! E o incômodo ainda lhe fazia sentir-se culpado. O que havia de errado afinal com o sossego? Não conseguia sentir-se confortável, mas sabia que momentos de paz como esse eram raros em sua vida. Ele havia se acostumado em viver intensamente e tinha aprendido a ser feliz assim.
Tinha decidido logo jovem que tudo em sua vida seria grande. Lembrava-se de sua mãe dizendo que tudo na vida passa, a dor e a alegria e não sei mais o que, conforme está escrito na Bíblia. Ele tinha entendido que, na verdade, o que levamos são as lembranças, que os momentos especiais duram muito pouco, mas as sensações provocadas pelas recordações, essas sim eram quase infinitas. O que atrapalhava era sua memória nada confiavel e acabava sempre por esquecer o que lhe fazia feliz. Pra piorar, sua desorganização e seu desagpego faziam-lhe abrir mão, voluntariamente ou não, de quaisquer objetos que pudessem lhe remeter a tais momentos. Ele quase não tinha fotos ou cartas e as poucasque guardara estavam esquecidas há tempos.
O jeito então era viver qualquer sentimento como um acontecimento extraordinário, independentemente da veracidade dele. A dificuldade era o principal atrativo em qualquer evento. Ele gostava dos relacionamentos mais difíceis, das empregos mais cansativos. Ele gostava de prolongar e intensificar o sofrimento dos rompimentos, abondonos e decepções, só por saber que eles haveriam de acabar um dia. A alegria, então, durava semanas e ele a aproveitava até a última gota. Parecia louco, dançava e cantava pela rua afora e ria sozinho constantemente. Costumava sentir dores nas bochechas de tanto rir.
Ultimamente estava tudo diferente. A dor e a mágoa estavam prestes a acabar definitivamente e ele ainda não tinha encontrado algo em que pudesse mergulhar denovo. Não havia encontrado ninguém que lhe oferecesse desafio interessante. Sem sentimentos exacerbados, estava tudo em equilíbrio, então.
Ele tinha se tornado aquilo que fingira ser durante toda a vida. Ele chegou aonde queria e não sabia aonde estava.

10/07/2010

Desapego

Você era sol e eu queria luz. Era chuva e eu precisava de água. Éramos começo, novidade. O primeiro doce do pacote, a primeira mordida de uma boca com fome. E eu era faminta. Saboreava a vida como um tempero exótico. Eu era a cega que voltava a ver, e você era a primeira tonalidade. Enfim, éramos um doce. Um doce problema. Porque o problema de toda novidade é que o novo tem validade.

Curta. Não importa o quanto o sentimento seja legítimo: se é novo, uma hora fica velho. Com o tempo, cria artrites, os ossos enfraquecem, e como nas pessoas, o coração falha. Às vezes entope, às vezes corre. Mas tem vezes que pára. Hoje eu quis entender porque é que o meu desacelerou. Se era antes capaz de parar o tempo, decretar a paz e jurar estabilidade, hoje negou a si mesmo. Não porque era superficial, nem porque não aguentou o tranco. Sinceramente, eu nem sei bem o por quê. Só sei que hoje eu quis um pouco mais de mim e um pouco menos de você.

Não sei se chamo isso de fracasso, vulnerabilidade ou se é só uma lição pra me fazer te dar valor quando tudo não parecer mais tão seguro. Sou vulnerável às mudanças do tempo e não tenho imunidade contra o desinteresse. Ninguém tem. Ninguém que teve um brinquedo, uma música favorita ou um sentimento extraordinário saberia eternizar o impulso do início. A insatisfação, muitas vezes, é o que faz as coisas andarem. E desta vez, ela me faz andar para um lado contrário ao teu.

Por mais que a contraditória aqui seja eu. Ou que as palavras tão firmes de antes hoje pareçam poeira. Se até a dona natureza, que é sábia, tem mudanças de estações, eu - que sei tão pouco de tudo - acho que também posso ter. E posso criar meu próprio tsunami se bem entender. Correndo o risco sim, de parecer volúvel. Mas nunca me entregando à mediocridade que é viver com um coração resignado. Ou de oferecer amor em um tom apagado. Se é vida o que você me propõe, considere a missão cumprida. Quanto mais inexplicável tudo parece, mais eu me sinto viva.

fonte: http://blogdamilena.blogspot.com/2008/07/desapego

01/07/2010

DAILY MÍLLOR: LIBERDADE SEGUNDO MILLÔR


Millôr Fernandes, no antigo Pasquim (e em que época!), também discutia essa tal liberdade:

"A liberdade é a condição (e por que não a condução?) fundamental do homem livre.

Sacou? Aquele negócio de ir-e-vir. Peripatético às pampas. Largueza, ensancha e a ânsia de imensos descampados. Tamos aí. Como dizia Herbert Stengley - escritor que estou inventando neste momento - que maravilhoso arcaísmo é a liberdade. (...) Pois todo homem nasce livre, não é mesmo? Naturalmente dependente do pai, da mãe, da classe social e dos acasos genéticos.

Mas decora logo a tabela dos direitos e deveres, faz as contas, e, se leva vantagem, cai de pau em cima dos outros. É assim que é, pô, não vem com essa não.

Ser livre, enfim, é bom notar, não é ser libertado. "Eu te dou toda liberdade", tá na cara, é restrição máxima. Evita, nego. E dobra à esquerda. (...) Será a liberdade apenas uma nostalgia? Uma colagem mal feita de fatos nunca acontecidos? A política da esperança, já, assim, meio desesperada? Uma simples omissão dos poderes vigentes? O Fla x Flu do Possível contra a Aventura? O condicionamento total é a liberdade?"

13/06/2010


"Qualquer coisa que fosse dita aqui pareceria mais piegas e menos fiel do que o que realmente sinto. Faltam palavras para descrever minha gratidão aos meus pais, irmãos, avós, tios, primos e amigos por demonstrarem admiração por mim e pela minha profissão e, assim, me motivarem a continuar; às pessoas especiais que conheci nessa caminhada e me fizeram viver dias de alegria e aprendizado; e a mim mesma pela paciência e força que, hoje vejo, tive ao longo desses anos. O medo e a incerteza desse momento não me fazem deixar de sentir enorme felicidade por ter sido tão bem acompanhada nessa jornada. Deixo a faculdade já com saudades e com a coragem de quem, mais que o caminho, escolheu caminhar."


Convite de formatura

02/06/2010

Aos Colegas

De todas as coisas boas que a faculdade nos trouxe, ter conhecido tantas pessoas diferentes foi, sem dúvida, a mais agradável. Quando chega a hora de nos despedirmos é que entendemos que, apesar das tão faladas “picuinhas”, fizemos, sim, bons amigos. As festas em sala, as festas fora de sala, os comentários inesperados nas aulas, as conversas nos corredores. Os 53 meses de convivência revelaram um tipo de amizade diferente: uma companhia por vezes dispensada de palavras, mas certa de sua existência. Cada um de nós acrescentou algo em nossa formação acadêmica e humana. Formados, então, cheios de incertezas e munidos de esperança, sigamos com a certeza de que foi plantada a semente e levemos conosco as palavras do poeta: “Não se desespere, nem pare de sonhar. Nunca se entregue, nasça sempre com as manhãs. Deixe a luz do sol brilhar no céu do seu olhar. Fé na vida, fé no homem, fé no que virá. Nós podemos tudo, nós podemos mais. Vamos lá fazer o que será!”

23/05/2010

Oração da Gestalt

Eu faço minhas coisas, e você faz as suas.
Eu não estou neste mundo para viver as suas expectativas.
E você não está neste mundo para viver as minhas.
Você é você, e eu sou eu.
E, se por acaso, nós nos encontrarmos, será ótimo.
Se não, nada se pode fazer.


Frederick Perls

19/05/2010

...

Como todo o resto, passou.

Como todo o resto, ficou.

E eu que pensava ter mudado,

mudei.

Mas controlar meu pensamento,

ah, Meu amigo,

Não tem jeito não.

15/05/2010

Escapou-me um sorriso

Estou aqui mas esqueci
Minha alma num hotel
Meu coração na caneta

Meus desejos num papel

Eu vinha sem retrovisor
Um rosto estranho me chamou
E a minha pele não me coube mais
A sorte veio e me encontrou
Na corda bamba do amor
Meus dias nunca mais serão iguais

Estava ali, me confundi
Pensei que fosse o céu
O azul do mar me chamou
E eu pulei de roupa e de chapéu

A onda veio e me levou
Desse lugar e agora eu sou
Uma ilusão, a solidão é meu troféu
Aquela foto amarelou
O riso no meu camarim
Felicidade bate a porta e ainda ri de mim



[Pensei que fosse o céu - Vander Lee - http://www.youtube.com/watch?v=bF_q5Vl33LQ ]



Ai que saudade que eu tava...
=)

11/05/2010

Sinergia

Eu já estava indo deitar quando resolvi dar uma olhada nos blogs amigos antes de dormir.
Amanhã não preciso acordar cedo e também não vou trabalhar, enfim...
Devo dizer que quase não foi surpresa ao deparar-me com um texto com o qual eu me identifiquei instantaneamente no blog de um boa amiga. Essa coincidência já passou a ser uma certeza.
O trecho é de Caio Fernando Abreu e me libertou um pouco da culpa de, mais que pensar no passado, não ter sentimento nenhum quanto a ele.
“Penso em você apesar de não sentir sua falta e muito menos sua presença. Penso em você porque sinto um vazio, que eu não sei do quê e nem por quê. Revelo, então, mais uma vez, minha estupidez, já que não é você quem vai me salvar e nem muito menos me catapultar pra uma dimensão mais tranqüila e menos ansiosa de coisas que não têm nome.”

20/04/2010

Tá tudo diferente

Só o feriado prolongado da faculdade pra me dar tempo pra voltar aqui.

Foi um susto perceber que tudo na minha vida tá diferente agora. Tá tudo muito melhor.

Consegui um estágio remunerado em um ótimo hospital da cidade, comprei um violão e, pasmem, to gostando de fazer academia. Conheci pessoas novas e re-conheci pessoas antigas.

Meus dias de semana estão sempre cheios, os fins de semana ainda mais.


O último mês foi frenético. Semanas inteiras sem nem dar 'oi' pra internet. No meio de tudo, primeiros encontros com amigos antigos. Convites agradabilíssimos de onde eu menos esperava. Alegria. A pessoa que vos fala não lembra em nada a pessoa que postava há um ou dois meses atrás. Minto. Algumas coisas ainda não mudaram e talvez nem devam mudar, mas ah! parece tudo tão azul agora.


Aproveitei a manhã de folga pra resolver pendências no banco, arrumar meu quarto e escutar coisas novas que uns amigos me indicaram. Acabei me deparando com duas excelentes bandas de Minas Gerais que já tão fazendo o maior sucesso no país. Não haveria de ser diferente, né?! rsrs. Pois aí vai:


A primeira banda chama-se Graveola e o Lixo Polifônico e a múscia que eu recomendo é 'Desagrados e flores'.

Acho que a música pouco combina com o meu estado de espírito, mas há que se reconhecer o valor de uma boa letra.




A segunda banda chama-se 'Transmissor' e imagine a minha surpresa ao perceber que já conhecia essa banda de ouvir tocar na rádio. Fica então a música mais famosa: Primeiro de Agosto. (Coincidência, né?! rs)




"No mais, estou indo embora, baby..."

Agradecendo todos os dias pela inacreditável sorte (se é que posso chamar assim) que eu tenho nessa vida.

01/04/2010

Mais mentira

Parei de mentir.

(Sim, pegadinha de primeiro de abril. rs)

Eu poderia ter atrasado o último post 2 dias pra faz referência ao dia da mentira, que é hoje.
Já que não lembrei disso, vou roubar a ideia do Tutty e postar uma música do Tom e do Chico que diz: "É muita mentira..."
A música se chama 'Pois é' e é interpretada pela Elis Regina. Bom proveito!

30/03/2010

Sobre acreditar

Acho que mentir já se tornou um hábito para a maioria das pessoas. Uma mentira pra evitar conflito, pra evitar desgaste, pra evitar decepção. Há quem chame também de omissão.
Mente-se sobre fatos, sobre pessoas e, principalmente, sobre si mesmo. Mentir é sempre uma forma de proteger a si mesmo. O ato mais egoísta que pode existir.
As mentiras vêm de todos as partes, travestidas de todos os jeitos. E sabe o que é pior? A gente sempre sabe. E acredita, mesmo sabendo que não é possível ser feliz sem a verdade.
Acho que foi o mau hábito (que eu também tenho) de mentir que me deixou assim, percebendo facilmente quem não me é sincero. Mas sempre existe aquela sensação (quase sempre falsa) de que pode-se estar perdendo uma oportunidade única.
Não dá pra dizer que funciona como uma bola de neve. Não existem mentiras grandes ou pequenas, são sempre mentiras. O que muda é o quanto elas te fazem sofrer, pois uma coisa é certa: mentiras nunca fazem o bem.
E a gente insiste em mentir, mesmo sabendo que mentira tem perna curta, que a verdade machuca, mas descobrir uma mentira deixa cicatriz pra sempre. A gente não gosta de dar a cara a tapa.
No fim das contas, me resta a certeza de que sempre tive razão, que aquela intuição de que as coisas estavam erradas era verdadeira e que nossos impulsos podem não ser comedidos, mas são sempre certos.
É sempre ruim descobrir que fomos enganados, ainda mais por quem, provavelmente, a partir desse momento não é mais importante pra nós. A gente fica com a sensação de que as coisas ruins acabaram superando as coisas boas, o custo-benefício não foi favorável.
Prefiro levar sempre lembranças boas, mas se essas não existirem, prefiro não levar lembrança nenhuma. Mágoa é uma planta que não costumo cultivar.

26/03/2010

É o que me interessa


Quando fizerem um filme da minha vida, não se esqueçam de colocar essa música na trilha sonora. Em vários momentos essa música me fez transcender. Quando a ouço, sinto minha alma se desprender e meu corpo se encher de uma paz inexplicável.
Agora, mais do que nunca, essa música compreende e organiza meus sentimentos e pensamentos. Acho que é isso que chamam de arte.
Vale muito a pena sentir essa música.


Daqui desse momento
Do meu olhar pra fora
O mundo é só miragem
A sombra do futuro,
A sobra do passado,
Assombram a paisagem.

Quem vai virar o jogo
E transformar a perda
Em nossa recompensa
Quando eu olhar pro lado
Eu quero estar cercado
Só de quem me interessa.

Às vezes é um instante
A tarde faz silêncio
O vento sopra a meu favor
Às vezes eu pressinto e é como uma saudade
De um tempo que ainda não passou
Me traz o seu sossego
Atrasa o meu relógio
Acalma a minha pressa
Me dá sua palavra
Sussurra em meu ouvido
Só o que me interessa.

A lógica do vento
O caos do pensamento
A paz na solidão
A órbita do tempo
A pausa do retrato
A voz da intuição
A curva do universo
A fórmula do acaso
O alcance da promessa
O salto do desejo
O agora e o infinito
Só o que me interessa.



[Lenine e Dudu Falcão - É o que me interessa]

22/03/2010

Alvorada

Me propus a vir hoje aqui e escrever nesse blog o que me desse vontade, só pra desabafar assim.
Hoje é um dia cinza. Não só pelo céu nublado e a chuva fina que molha o assalfalto vez ou outra, mas pelo nada que me assolou.
Acordei com a cabeça frenética. Milhões de pensamentos sobre milhões de coisas, algumas boas outras nem tanto. Não consegui manter minha mente vazia. É um bom dia pra escrever no blog.
Não acordei com a raiva, a tristeza, a euforia, a solidão ou a agitação com que tive acordado nesse último mês, hoje acordei diferente. Não sei bem dizer como. Acordei cinza.
O último mês passou-se entre devanios e ocilações de humor que me deixaram transtornada. Pensar sobre um relacionamento que não deu certo e em por quê ele não deu certo ocupou quase todos os dias desse mês. Tive raiva, tive saudade, fiquei carente, fiquei triste, me senti culpada, me senti menosprezada, me senti superior, me senti inferior. As noites ficaram mais curtas. Eu acordei cedo, já com a cabeça a mil. E meu coração, coitado, não sabia nem como bater mais.
Foi ruim. Foi bom. Mas o mais importante é que foi. Aconteceu. Passou. Tenho me preocupado em me desfazer do vício de pensar no passado e em guardar comigo somente lembranças boas.
Ainda há pouco me perguntava como é estranho relacionar-se. Tudo parte do princípio que é necessário relacionar-se: conhecer, gostar, namorar, conviver e assim por diante. E mesmo que você seja um contestador dessa ordem, terá partido do princípio de que existe essa tal relação.
São também variados o tipos de relação: namoro, amizade, família... A ideia é sempre a mesma.
Fiquei pensando, então, em como somos incoerentes nos relacionamentos. Acreditamos ser necessário fazer um jogo. E que jogo mais estranho!
É preciso ser sincero sem dizer o que se passa na sua cabeça. É preciso ser companheiro, mas negligenciar o seu passado. É preciso ignorar o resto do mundo. Não se pode fazer o que tem vontade na hora em que tem vontade. É preciso omitir, fingir. É preciso manipular.
Nesse jogo a gente não pode dizer nunca o quanto se gosta de uma pessoa, muito menos que pode-se gostar de outras. Tem que se passar por cima das suas vontades por causa das vontades do outro. Nesse jogo tem que se manter o mistério e a distância. É preciso criar vínculo sem ser íntimo. A maioria das pessoas gosta desse jogo: Fazer o outro sentir vontade, saudade, tesão, paixão.
A verdade é que não tenho muita paciência pra jogar. Não tenho paciência pra ser hipócrita. E aí percebo que meus relacionamentos são breves e, muitas vezes, cíclicos. Me surpreendo sempre com pessoas que já haviam sumido da minha vida, voltando a querer fazer parte dela, como aconteceu nesse fim de semana.
Esse último mês e, principalmente, o último fim de semana me serviram pra reconhecer que talvez eu seja uma pessoa melhor do que imagino e que, ao contrário do que pensava, eu estive certa na maioria das vezes.
Talvez tenho pecado em ser sincera e impulsiva demais, mas é minha tática de jogo. E, aos trancos e barrancos, com muito esforço, tem dado certo.
O dia continua cinza, mas, graças a Deus, já amanheceu.


21/03/2010

Equilibrista


Há um tempo em que é preciso abandonar as roupas usadas, que já tem a forma do nosso corpo, e esquecer os nossos caminhos, que nos levam sempre aos mesmos lugares. É o tempo da travessia: e, se não ousarmos fazê-la, teremos ficado, para sempre, à margem de nós mesmos.


Fernando Pessoa


15/03/2010

Preciosa - Uma História de Esperança

Eu esperava um filme impactante, daqueles que deixam a gente com um nó na garganta. Não foi bem assim. O filme distorce um pouco a realidade social dos EUA e de certa forma de todo o mundo. Ao final do filme o máximo que se pode ter é dó da protagonista - Sofreu muito na vida. Mas quem não sofre, não é verdade?
No entanto, saí do cinema com um aperto estranho no peito. O filme não dizia nada mais trágico do que os casos que minha mãe conta do serviço e das coisas que eu vi ao longo da minha curta vida profissional. Eu não tinha me emocionado. Aí percebi que o que Preciosa diz é sobre o sentimento de quem passa por uma superação, e só há de se sentir tocado quem se identificar com a protagonista de alguma forma.
Foi o meu caso.

Indico o filme para aqueles que têm o coração aberto para tomar posse do sofrimento alheio, sem querer se martirizar ou sentir dó, mas expandir mente e alma.


“O amor me bate, me estupra, me chama de animal, me faz se sentir inútil e me deixa doente”.

Trecho do filme: Precious: Based on the Novel Push by Sapphire

14/03/2010


Tenho tentado aprender a ser humilde. A engolir os nãos que a vida me enfia pela goela a baixo. A lamber o chão dos palácios. A me sentir desprezado-como-um-cão, e tudo bem, acordar, escovar os dentes, tomar um café e continuar.


Caio Fernando Abreu

10/03/2010

O que será

Existem 3 pessoas dentro de mim: A pessoa que eu acho que sou, a pessoa que os outros acham que sou e a pessoa que eu realmente sou.
Essas 3 pessoas coexistem em um corpo único, mas possuem características completamente diferentes. No entanto, as 3 faces de mim estão interligadas de alguma forma.
A edificação mais frágil é da pessoa que acho que sou. Me acho forte, indestrutível, madura e inteligente. Acho que sou uma pessoa sensível e durona ao mesmo tempo. Acho que sou agradável, amável. Não sou bonita nem elegante. Sou desajeitada - com meu prórpio corpo e com as palavras. Sou otimista e bem humorada. Acho que minhas opiniões são sempre bem medidas e necessárias. Me acho autossuficiente. Não choro, não sinto dor. Falo de tudo, ouço de tudo. Sou paciente e tolerante. Me acho inferior a muita gente. Sou desorganizada. Tenho muitos amigos.
A pessoa que os outros acham que sou é a mais variada. Existe todo tipo de opinião: Inteligente, esperta, imatura, infantil, grossa, indelicada, aparecida, engraçada, desajeitada, amiga, fria, paciente, impaciente, brava, mal humorada, há quem diga até que sou estudiosa.
Já a pessoa que realmente sou é uma incógnita pra mim. Cada dia descubro uma coisa nova sobre mim mesma. Minha armadura não é tão eficiente. Sou sensível e choro a toa. Não sei conversar nem abraçar. Gosto de dar liçoes de moral e falar de mim. Não sei escutar. Não sei estudar. Sou inteligente, sim, e me poupo de falsa modéstia, mas não sou sábia. Sou ansiosa, carente e imatura e tenho medo de ser assim para sempre. Sou preguiçosa e acomodada. Sou hipócrita também. Não sou tão dedicada. Preciso de reconhecimento. Sou justa. Sou criativa. Sou mais introspectiva do que pareço. Sou carinhosa. Gosto de ajudar. Sou alegre. Sou tagarela, mas minha boca não consegue acompanhar a minha mente. O que falo é quase sempre sem muita importância. Sou insegura. Sou um pouco bonita. Sou teimosa. Sou orgulhosa. Sou prepotente e arrogante (agora sou incoerente também). Sou corajosa. Meu tempo não é igual o dos outros (Ainda não sei dizer se estou adiantada ou atrasada). Sou egoísta. Sou autoritária. Sou solitária. Sou inconstante. Sou persistente. Sou perfeccionista (com algumas coisas). Sou carente de amigos e de família.
Só faltou dizer que, com tantos tópicos sobre mim, sou egocêntrica.
A verdade é que não posso dizer em momento nenhum da minha vida que não fui eu mesma. Provavelmente não fui o que queria ter sido, mas fui eu. Fui eu que fraquejou, chorou, fez pirraça, ofendeu e humilhou. E não posso dizer que não sabia o que estava fazendo. Sabia, sim. Fui cruel e fiz por mal e não há complexo de Édipo que justifique isso.
O que tenho a dizer em meu benefício é, não que me arrependi, mas que aprendi. E aprendizado, ja dizia Platão, implica mudança. Eu mudei, e tenho mudado todos os dias.
Os fantasmas do passado continuarão a me atormentar até quando se cansarem, mas me consola pensar que o mundo continuará a girar, pessoas especias continuarão a surgir, momentos especiais continuarão a acontecer. E quando for a hora eu estarei mais bem preparada.
Toda essa jornada de autoconhecimento tem me dado um pouco de paz. A frustração e a decepção comigo mesma vão passando aos poucos, e vou, aos poucos, me permitindo ter uma segunda chance.
O que não foi dito em nenhuma das 3 pessoas que sou é que sou uma pessoa de sorte. Sei que as coisas acontecem na hora certa e que são sempre as pessoas certas que cruzam nosso caminho. Na hora do aperto tem sempre um anjo perto de mim em forma de amigo, de livro, de música, de professor, de família, de filme, de programa de tv.
Por fim, gostaria de apresentar-lhes o meu 4° eu. Não, ele não habita no meu corpo. Ele habita minha alma: é a pessoa que eu quero ser. Quero ser mais paciente, saber calar, saber enxergar, saber ouvir. Quero saber reconhecer a hora certa e conseguir dominar meus sentimentos sem sufocá-los. Quero exigir menos de mim e levar a vida mais leve. E por enquanto é só isso.
Depois de todo esse texto, acho que já sou um pouco isso tudo.
Me vem uma citação à cabeça:
"Não somos o que deveríamos ser, não somos o que desejamos ser, não somos o que iremos ser, mas graças a Deus não somos o que erámos."
Martin Luther King

04/03/2010

O Pequeno Príncipe

Assim o principezinho, apesar da boa vontade de seu amor, logo duvidara dela. Tomara a sério palavras sem importância, e se tornara infeliz.
"Não a devia ter escutado - confessou-me um dia - não se deve nunca escutar as flores. Basta olhá-las, aspirar o perfume. A minha embalsamava o planeta, mas eu não me contentava com isso. A tal história das garras que tanto me agastara, me devia ter enternecido..."
Confessou-me ainda:
"Não soube compreender coisa alguma! Devia tê-la julgado pelos atos, não pelas palavras. Ele me perfumava, me iluminava... Não devia jamais ter fugido. Deveria ter-lhe adivinhado a ternura sob os seus pobres ardis. São tão contraditórias as flores! Mas eu era jovem demais para saber amar."

Antoine de Sainte-Exupéry


Não foi no primeiro, nem no segundo, talvez nem no terceiro, mas foi em algum lugar entre tantos livros que percebi que eles têm vida própria. Eles vêm parar em nossas mãos por vontade própria, entendem sempre muito bem as situações pelas quais passamos e têm sempre algo extrememante valioso a dizer.

Identificar-se é, ao mesmo tempo, o desabafo e o consolo.

28/02/2010

Roda Viva

Tem dias que a gente se sente como quem partiu ou morreu.
A gente estancou de repente ou foi o mundo então que cresceu...
A gente quer ter voz ativa, no nosso destino mandar, mas eis que chega a roda viva e carrega o destino prá lá .

Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração...


A gente vai contra a corrente até não poder resistir.
Na volta do barco é que sente o quanto deixou de cumprir.
Faz tempo que a gente cultiva a mais linda roseira que há, mas eis que chega a roda viva e carrega a roseira prá lá...


A roda da saia mulata não quer mais rodar, não senhor.
Não posso fazer serenata a roda de samba acabou.
A gente toma a iniciativa, viola na rua a cantar, mas eis que chega a roda viva e carrega a viola prá lá.

O samba, a viola, a roseira que um dia a fogueira queimou foi tudo ilusão passageira que a brisa primeira levou...

No peito, a saudade cativa faz força pro tempo parar, mas eis que chega a roda viva e carrega a saudade prá lá .

Roda mundo, roda gigante, roda moinho, roda pião, o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração...


Chico Buarque

http://www.youtube.com/watch?v=HRFw5u5wR4c

22/02/2010

Andar com fé eu vou...

A duras penas tenho aprendido a viver. Sempre pensei que eu fosse uma pessoa com uma boa estrutura emocional e que fossem poucos os meu pontos fracos. Ai estava o meu maior erro: eu PENSEI.
A verdade é não se sabe nada sobre alguma coisa até experenciá-la. Não é possível ter sua base em algo que nem foi construído.
Encarei de frente o meu maior desafio: harmonizar mente, corpo e coração. Me lembro dos ensinamentos dos orientais, dos livros baratos de auto-ajuda e dos programas de tv dedicados às donas de casa. Todos eles falam sobre a mesma coisa afinal - Procurar a felicidade é buscar o equilíbrio.
Passei muito tempo pensando que eu deveria viver a vida da forma mais intensa e mais breve possível. "Não tenho nada a perder" - Eu pensava. Pois bem, temo enfim ter perdido.
No fim das contas eu não aprendi tanto com as experiências alheias e nem consegui passar para os outros setores da minha vida o que aprendi com a família e com os amigos. Eu sabia o que deveria fazer, mas não como fazer.
Ansiedade, insegurança e obsessão. Eu me perdi pelo caminho. Não vi o presente que tinha em mãos. Esqueci daquela palavra que a professora de patologia repetia todos os dias: "Tenham parcimônia, meninas."
Fui ao dicionário procurar o significado do substantivo: Economia, poupança. "Tenham parcimônia, meninas." Aguardem, esperem, deixem o tempo agir.
Tive pressa pra por tudo o que aprendi em prática. Num tempo em que (achava) minha auto-estima estivesse mais alta do que nunca, pensei enfim ter encontrado a fonte da atenção que precisava. Hoje vejo que não. Aceitei me submeter a uma situação que exigiria de mim muito esforço ao invés de esperar. Achei que a matemática era simples, dar=receber. Não pensei que talvez não soubesse dar o que tinha pra dar e que o que preciso pode não vir do jeito que queria.
Aprendi afinal que nada é simples quando falamos de pessoas. Eu não me achava tão bela, nem tão legal e, no fundo, achava que não poderia competir com ninguém. Quis ter o amor que precisava à força. É óbvio que não deu certo.
Há pouco mais de 2 semanas comecei a perceber que minha vida tava tomando um rumo errado. Transferi uma expectativa que era minha pra outra pessoa. Pulei etapas, tive pressa. Passei por cima do tempo. Denovo. Acho que perdi muitas oportunidades, afinal, querendo que as coisas funcionassem ao meu tempo.
Mas, ah! Como eu tenho sorte na vida. Velhos e novos amigos me mostraram por onde andar. Vi que estava sim recebendo, aos poucos, o carinho que tanto pedi e que as coisas podem dar certo mesmo não acontecendo do jeito que planejei.
Infelizmente, não reconheci tudo isso a tempo. E as coisas realmente tomaram o rumo que não planejei. Ainda assim, consegui ver o que saltava aos meus olhos. "Dê tempo ao tempo", disse uma pessoa fantástica que conheci há pouco tempo.
Resolvi dar um tempo. Um tempo pra pessoa, cujo pedido antecedeu à minha constatação, que me ajudou a entender não se entra num relacionamento sozinho, assim como não se sai dele e que as coisas podem ser, além de diferentes, melhores do que a gente imagina.
Aprendi que não é possível, nem necessário adivinhar o que o outro pensa, pra isso existe o diálogo. Que um casal não precisa ser uma única pessoa, ele pode ser 2 pessoas que se apoiam pra ir além. Aprendi que não é preciso estar perto para estar do lado de dentro. Que atos dizem mais que palavras e que é preciso estar aberto e atento para enxergá-los. Que cada um tem seu tempo e que é preciso saber esperar. Que anteceder um acontecimento é 'pré-ocupar' e preocupar é, na maioria das vezes, desnecessário. Que todo combinado não sai caro e que liberdade é a maior prova de amor que se pode dar.
Sei que não é possível voltar atrás e corrigir os erros do passado, mas creio de verdade que o que tiver de ser, será.
Quem sabe eu tenha aprendido tudo errado? Só o tempo poderá dizer. Enquanto isso, vivo com a certeza de que as coisas mudam pra melhor quando se sabe esperar. "Parcimônia, menina, parcimônia."

02/02/2010

Substantivos Bizarros

Há muito tempo eu fiz um post sobre nomes comerciais estranhos. Resolvi voltar a postar sobre o assunto. A palavra bizarra do dia é MACETE (ou macête, sei lá).

Somente um dia desses fui reparar na palavra que minha mãe pronunciara a vida toda. "Tem que ter um macete para consertar esse aparelho..." "Descobri um macete pra estudar." e por ai vai...

Pensando sobre o assunto, percebi que a palavra lembra maço. Mas não enxerguei qual seria a razão de usá-la como sinônimo de dica, estratégia.

Então ai está mais um substantivo bizarro da nossa lingua portuguesa.

[ps.: Como essa palavra não está no dicionário, imagino que seja característica daqui de Minas.]

17/01/2010

A vida tinha ensinado a ele que os maiores problemas do mundo seriam os seus, porque somente eles eram seus e era isso que importava. Ele entendeu que não deveria se intrometer na vida alheia e se preocupar somente com a sua vida. Mas agora, sentado sozinho no ponto de ônibus, percebeu que o seu maior problema é que tinha problemas demais. Na verdade, pensou, só tenho um problema - criar problemas. Naqueles infinitos minutos antes do ônibus passar, Marcelo percebeu como tinha a capacidade de aumentar as coisas. Não adiantava ficar nervoso, xingar e reclamar do atraso do ônibus. Nada disso o aceleraria.
Reclamar vinha sendo seu esporte favorito nas últimas semanas. Reclamava do clima, do trânsito, da programação da tv, da comida e até do seu cachorro, mas reclamava principalmente de como as coisas não funcionavam do jeito que ele queria. A sua vida era cheia de problemas. Esperava das pessoas o mínimo e elas não correspondiam. Ele se atirava em tudo de corpo e alma. Um novo emprego, um novo namoro e até uma nova residência sugariam-lhe toda a energia, e mesmo assim ele iria até o fim. Enfrentaria o que quer que fosse se tivesse decidido a vivenciar uma situação. Marcelo não entendia como a vida não lhe fora recíproca. Ele tinha dado tanto. Procurava e não via nenhuma retribuição. Há semanas isso lhe tirava o sono.
Naquele dia, ele tinha levantado cedo como sempre, tomou banho e um café morno. Resolveu ir pro serviço a pé. Não era nem 8 horas e o sol estava digno de meio dia. Marcelo tinha esquecido que estava em pleno verão, o que implica aquela maldita mudança no relógio.
Já não estava muito animado, estava com sono e o calor estava desconfortante. O terno lhe parecia uma armadura. Tinha vontade de estar em um carro com ar condicionado. Era luxo demais para quem acabara de arrumar um emprego razoável. Quis pegar um ônibus, mas não se permitiu interromper um projeto na metade do caminho. Pensou que seu chefe poderia lhe permitir chegar mais tarde, já que havia trabalhado até tarde da noite no dia anterior e que aquele vizinho do andar de baixo poderia ter oferecido carona. Como as pessoas são egoístas.
Resolveu: Iria pegar um ônibus. Foi andando para o ponto quase bravo, pisando quase forte, fazendo pirraça para si mesmo. Sentou no banco vazio. Aquele ponto não costumava ficar cheio, mas via os ônibus passando pela rua abarrotados de gente. Foi aí que ele entendeu.
A vida era assim mesmo. Os brasileiros acordam cedo, trabalham muito e se alimentam mal. Ele não era injustiçado por ter um emprego. Era justamente o contrário. E saltou-lhe à boca um "BURRO!" quando percebeu que poderia sim chegar um pouco mais tarde no serviço e ir de carro com ar condicionado. Poderia se tivesse pedido. Era muito óbvio.
Ninguém tem obrigação de adivinhar quais são as suas vontades. E no mundo de hoje, quem há de se preocupar com o que te incomoda? Pouco importa se você se doa muito ou não, você não tem o direito de cobrar reciprocidade. Ele percebeu que tudo na sua vida poderia ter sido mais fácil afinal, se ele não tivesse complicado as coisas. Ele poderia ter pedido carona outras vezes e ter falado que não retornar uma ligação o deixava irritado. Ele podia ter sido simples.
"O que seria de mim se não fosse tanto orgulho?"- Pensou ao dar sinal para o ônibus que chegava.

14/01/2010

Pedem-me pouco, pedem-me quase nada. O terrível é que eu tenho muito para dar e tenho que engolir esse muito e ainda por cima dizer com delicadeza: Obrigada por receberem de mim um pouquinho de mim.


(Clarice Lispector)