05/05/2019

Aos Domingos

Nada muda. No relógio são quase cinco, pela janela uma fresta da última luz do dia, na nuca mais uma gota de suor escorre. Já varri a sala e limpei o frogão, logo vem mais um gol na tv. Pensei em te ligar algumas vezes mas o pouco assunto além do “Oi, tudo bem?” me fez desistir. Passa um ônibus, uma moto. Buzina, farol e a boca seca. Daqui quase dá pra ouvir conversarem o vizinho e a sua esposa enquanto assistem o Faustão. A máquina bate a roupa, o estômago meio embrulhado. Não me atenho a pensar em você. Sua lembrança é como uma onda no inicinho da manhã. Deixo estar. Seu abraço me faz falta nos dias cansados e seu beijo, nos dias frios, mas já não te quero nos fins de domingo. Não são meus os seus instantes. Penso em querer algo qualquer na sua companhia. Entre avessos e tropeços, às vezes te quero aqui. Sem esforço, aconteço. Há de chegar a hora de ver seus olhos. Já está escuro agora. É preciso acender a luz. Não corro, nada muda por alguns domingos.