10/03/2010

O que será

Existem 3 pessoas dentro de mim: A pessoa que eu acho que sou, a pessoa que os outros acham que sou e a pessoa que eu realmente sou.
Essas 3 pessoas coexistem em um corpo único, mas possuem características completamente diferentes. No entanto, as 3 faces de mim estão interligadas de alguma forma.
A edificação mais frágil é da pessoa que acho que sou. Me acho forte, indestrutível, madura e inteligente. Acho que sou uma pessoa sensível e durona ao mesmo tempo. Acho que sou agradável, amável. Não sou bonita nem elegante. Sou desajeitada - com meu prórpio corpo e com as palavras. Sou otimista e bem humorada. Acho que minhas opiniões são sempre bem medidas e necessárias. Me acho autossuficiente. Não choro, não sinto dor. Falo de tudo, ouço de tudo. Sou paciente e tolerante. Me acho inferior a muita gente. Sou desorganizada. Tenho muitos amigos.
A pessoa que os outros acham que sou é a mais variada. Existe todo tipo de opinião: Inteligente, esperta, imatura, infantil, grossa, indelicada, aparecida, engraçada, desajeitada, amiga, fria, paciente, impaciente, brava, mal humorada, há quem diga até que sou estudiosa.
Já a pessoa que realmente sou é uma incógnita pra mim. Cada dia descubro uma coisa nova sobre mim mesma. Minha armadura não é tão eficiente. Sou sensível e choro a toa. Não sei conversar nem abraçar. Gosto de dar liçoes de moral e falar de mim. Não sei escutar. Não sei estudar. Sou inteligente, sim, e me poupo de falsa modéstia, mas não sou sábia. Sou ansiosa, carente e imatura e tenho medo de ser assim para sempre. Sou preguiçosa e acomodada. Sou hipócrita também. Não sou tão dedicada. Preciso de reconhecimento. Sou justa. Sou criativa. Sou mais introspectiva do que pareço. Sou carinhosa. Gosto de ajudar. Sou alegre. Sou tagarela, mas minha boca não consegue acompanhar a minha mente. O que falo é quase sempre sem muita importância. Sou insegura. Sou um pouco bonita. Sou teimosa. Sou orgulhosa. Sou prepotente e arrogante (agora sou incoerente também). Sou corajosa. Meu tempo não é igual o dos outros (Ainda não sei dizer se estou adiantada ou atrasada). Sou egoísta. Sou autoritária. Sou solitária. Sou inconstante. Sou persistente. Sou perfeccionista (com algumas coisas). Sou carente de amigos e de família.
Só faltou dizer que, com tantos tópicos sobre mim, sou egocêntrica.
A verdade é que não posso dizer em momento nenhum da minha vida que não fui eu mesma. Provavelmente não fui o que queria ter sido, mas fui eu. Fui eu que fraquejou, chorou, fez pirraça, ofendeu e humilhou. E não posso dizer que não sabia o que estava fazendo. Sabia, sim. Fui cruel e fiz por mal e não há complexo de Édipo que justifique isso.
O que tenho a dizer em meu benefício é, não que me arrependi, mas que aprendi. E aprendizado, ja dizia Platão, implica mudança. Eu mudei, e tenho mudado todos os dias.
Os fantasmas do passado continuarão a me atormentar até quando se cansarem, mas me consola pensar que o mundo continuará a girar, pessoas especias continuarão a surgir, momentos especiais continuarão a acontecer. E quando for a hora eu estarei mais bem preparada.
Toda essa jornada de autoconhecimento tem me dado um pouco de paz. A frustração e a decepção comigo mesma vão passando aos poucos, e vou, aos poucos, me permitindo ter uma segunda chance.
O que não foi dito em nenhuma das 3 pessoas que sou é que sou uma pessoa de sorte. Sei que as coisas acontecem na hora certa e que são sempre as pessoas certas que cruzam nosso caminho. Na hora do aperto tem sempre um anjo perto de mim em forma de amigo, de livro, de música, de professor, de família, de filme, de programa de tv.
Por fim, gostaria de apresentar-lhes o meu 4° eu. Não, ele não habita no meu corpo. Ele habita minha alma: é a pessoa que eu quero ser. Quero ser mais paciente, saber calar, saber enxergar, saber ouvir. Quero saber reconhecer a hora certa e conseguir dominar meus sentimentos sem sufocá-los. Quero exigir menos de mim e levar a vida mais leve. E por enquanto é só isso.
Depois de todo esse texto, acho que já sou um pouco isso tudo.
Me vem uma citação à cabeça:
"Não somos o que deveríamos ser, não somos o que desejamos ser, não somos o que iremos ser, mas graças a Deus não somos o que erámos."
Martin Luther King

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