22/03/2010

Alvorada

Me propus a vir hoje aqui e escrever nesse blog o que me desse vontade, só pra desabafar assim.
Hoje é um dia cinza. Não só pelo céu nublado e a chuva fina que molha o assalfalto vez ou outra, mas pelo nada que me assolou.
Acordei com a cabeça frenética. Milhões de pensamentos sobre milhões de coisas, algumas boas outras nem tanto. Não consegui manter minha mente vazia. É um bom dia pra escrever no blog.
Não acordei com a raiva, a tristeza, a euforia, a solidão ou a agitação com que tive acordado nesse último mês, hoje acordei diferente. Não sei bem dizer como. Acordei cinza.
O último mês passou-se entre devanios e ocilações de humor que me deixaram transtornada. Pensar sobre um relacionamento que não deu certo e em por quê ele não deu certo ocupou quase todos os dias desse mês. Tive raiva, tive saudade, fiquei carente, fiquei triste, me senti culpada, me senti menosprezada, me senti superior, me senti inferior. As noites ficaram mais curtas. Eu acordei cedo, já com a cabeça a mil. E meu coração, coitado, não sabia nem como bater mais.
Foi ruim. Foi bom. Mas o mais importante é que foi. Aconteceu. Passou. Tenho me preocupado em me desfazer do vício de pensar no passado e em guardar comigo somente lembranças boas.
Ainda há pouco me perguntava como é estranho relacionar-se. Tudo parte do princípio que é necessário relacionar-se: conhecer, gostar, namorar, conviver e assim por diante. E mesmo que você seja um contestador dessa ordem, terá partido do princípio de que existe essa tal relação.
São também variados o tipos de relação: namoro, amizade, família... A ideia é sempre a mesma.
Fiquei pensando, então, em como somos incoerentes nos relacionamentos. Acreditamos ser necessário fazer um jogo. E que jogo mais estranho!
É preciso ser sincero sem dizer o que se passa na sua cabeça. É preciso ser companheiro, mas negligenciar o seu passado. É preciso ignorar o resto do mundo. Não se pode fazer o que tem vontade na hora em que tem vontade. É preciso omitir, fingir. É preciso manipular.
Nesse jogo a gente não pode dizer nunca o quanto se gosta de uma pessoa, muito menos que pode-se gostar de outras. Tem que se passar por cima das suas vontades por causa das vontades do outro. Nesse jogo tem que se manter o mistério e a distância. É preciso criar vínculo sem ser íntimo. A maioria das pessoas gosta desse jogo: Fazer o outro sentir vontade, saudade, tesão, paixão.
A verdade é que não tenho muita paciência pra jogar. Não tenho paciência pra ser hipócrita. E aí percebo que meus relacionamentos são breves e, muitas vezes, cíclicos. Me surpreendo sempre com pessoas que já haviam sumido da minha vida, voltando a querer fazer parte dela, como aconteceu nesse fim de semana.
Esse último mês e, principalmente, o último fim de semana me serviram pra reconhecer que talvez eu seja uma pessoa melhor do que imagino e que, ao contrário do que pensava, eu estive certa na maioria das vezes.
Talvez tenho pecado em ser sincera e impulsiva demais, mas é minha tática de jogo. E, aos trancos e barrancos, com muito esforço, tem dado certo.
O dia continua cinza, mas, graças a Deus, já amanheceu.


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