21/05/2009

O inferno são os outros

O que eu mais queria era conseguir viver sozinha.
Abandonar essa idéia medíocre de viver em sociedade.
Mas, como diria meu pai, é impraticável.

Quanto mais a consciência se expande, maior a necessidade de socializar.
Estabelecemos uma relação de dependência.
Que se fodam o telencéfalo desenvolvido e o polegar opositor, não sei viver sem ter você.

Você quem?
Você todo mundo.
Você que atrapalha os meus planos. Você que não me dá o que preciso. Você que me faz precisar.
Estamos destinados à esse eterno buscar. Ah vida!

Me parece uma brincadeira de mau gosto, na verdade.
Nós, seres humanos racionais, temos a capacidade de alcançar o infinito e ficamos presos à detalhes, como estudar, trabalhar, ganhar dinheiro e se reproduzir.
Fico a me perguntar: pra quê?

Envolvidos numa rotina deplorável e nos torturando todos os dias por coisas tão banais.

Vivemos pra atingir ideais que não representam absolutamente nada.

Nos convencemos sempre de continuar nesse estado de morbidez.

Vez ou outra, porém, algo nos tira da inércia.
Um amor não correspondido, a morte de alguém querido.
É quando a gente pára, ou pelo menos deveria parar, pra se perguntar: QUE PORRA É ESSA?

Como dói uma frustração.
É desnorteante se decepcionar com alguém.
Construímos sonhos em cima de sonhos, numa tentativa frustrada de achar algum sentido pra essa vida louca. Então aparece alguém pra acabar com tudo.
Alguém que simplesmente não adivinhou o que você pensava. Alguém que simplesmente não dividiu-se com você.

E aí, que vontade que dá de ser auto-suficiente! rs
De poder ser um ermitão e viver absolutamente só.
Porque pensando bem, não preciso de tudo isso. Não preciso de profissão, nem de dinheiro, nem de conforto. Isso tudo só serve para termos no fim um tempo para nós.
Damos tantas voltas, causamos tantos contratempos, geramos tanto sofrimento pra, no final, enxergamos nós mesmos. E a cada dia tem sido mais difícil olharmo-nos.


Reconheço então que não posso viver sozinha.
Só através dos olhos das outras pessoas é que alguém consegue se ver como parte do mundo. Sem a convivência uma pessoa não pode se ver por inteiro.
"O ser para-si só é para-si através do outro." Dizia Sartre, roubando a idéia de Hegel.

Então eu chego a conclusão de que não há tamanho mal em ser individualista.
Cada um é um universo, como já disse em outro post. A capacidade de crescer e vir a aprender algo depende mais de você do que do outro.
Já não me preocupo em ensinar ou em realizar a expectativa alheia.
Somos incompletos, mas não sabemos com o que devemos nos completar.
Divertir-me-ei em viver. Eu mesma hei de me decepcionar, e já me decepciono, com os caminhos tortos dessa vida.
E isso me faz sofrer menos. Continuo a caminhar.



2 comentários:

Lidiane Dolly disse...

Tetê, famosa Tetê da Thamires. xD
Bom, tive a audácia de vir ao seu blog apreciar um pouquinho das coisas lindas que a Thamires me diz que você escreve. "Damos tantas voltas, causamos tantos contratempos, geramos tanto sofrimento pra, no final, enxergamos nós mesmos. E a cada dia tem sido mais difícil olharmo-nos" Disse simplesmente tudo nessa passagem. Todo dia, todo dia, fica realmente cada vez mais dicífil de olharmos a nós mesmo, primeiramente. Bom, adorei o que li aqui. Vou ficar acompanhando seu blog também. Posso? :P Beijos.

Anônimo disse...

Nerd!!!