18/03/2009

Crime e Castigo - Sobre o caso Fritzl

http://g1.globo.com/Noticias/Mundo/0,,MUL1047863-5602,00-FRITZL+ADMITE+CULPA+PELAS+ACUSACOES+NO+ULTIMO+DIA+DO+JULGAMENTO.html

Às vezes acho muita pretensão da nossa parte culpar e punir alguém. É claro que as leis existem para que haja ordem na convivência entre as pessoas, mas essas leis estão amparadas por pressupostos morais que existem desde não-sei-quando e foram criados por não-sei-quem. Nessa semana voltou à tona um caso que horrorizou o mundo inteiro: Josef Fritzl, o pai pedófilo e perverso da Áustria. Várias vezes, escutei e li que é impossível defender uma pessoa como ele e que nada justificaria os atos, no mínimo cruéis, daquele pai. Pois, pra mim, tem justificativa sim.


Toda essa história chega ate nós de forma escandalosa e sensacionalista. Não que o caso não fosse grave, mas obviamente existe mais aí do que a gente sabe. A começar pela historia de vida desse homem. Sabe-se que a perversão e a psicose são distúrbios que se originam na vivência do Édipo, lá na infância. A mãe da família apresentou, aparentemente, uma conduta muito conveniente. Talvez fosse ela também uma pessoa com problemas psicológicos. Ainda existiam os moradores do prédio (sim, eles moravam em um edifício da família) que não desconfiaram de nada! E todos os assistentes sociais que foram à residência dos Fritzls?



Com certeza essa não era uma família normal. O incesto é sim uma prática absolutamente condenada na nossa sociedade, não somente porque é passível de geral uma gravidez e, consequentemente, um feto com muitas alterações biológicas, mas principalmente por questões culturais. Manter uma pessoa reclusa durante 24 em um local sem ventilação também não é o que se pode chamar de ação exemplar. Foram muitos os atos desse pai que fizeram nossas consciências se contorcerem.

Pra mim e pra maioria das pessoas é repugnante, cruel e condenável estuprar a própria filha por mais de 30 anos. Pra ele não. É uma questão de valores, de conceitos. O problema ai é que, como já disse, é necessário que se estabeleça um equilíbrio pra vivermos em paz, é necessário que se criem regras. Foram essas regras Josef Fritzl não aprendeu.

Não há o que ser solucionado nesse caso. Acho que seria inútil tentar (provavelmente em vão) ensinar para um homem de 72 anos coisas que pra ele não fazem sentido algum. Realmente, Fritzl não é uma pessoa passível de convivência, por isso mesmo talvez ele não deva ser preso. Sua filha e seus filhos-netos também não terão um prognóstico muitos bom, mas a esses sim ainda resta uma esperança.

No entanto, queremos puni-lo e até matá-lo, queremos vê-lo sofrer. Pois então não estaríamos nos igualando a ele? Não nos prenderam também em locais sem ventilação e sem luz solar? Não somos reféns?

Fico me perguntando quais são as nossas prioridades nessa vida.

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